Mariazinha, deita os olhos pro mar
 
 Pela tardinha, quando a noite espreitar
 
 E no verde das águas sem fundo
 
 Já se perde da esperança do mundo, a afundar, a afundar
 
  
  Mariazinha, deita os olhos pro mar
 
 Tão pequenina, sem saber que pensar
 
 Vê a roda do mundo girando
 
 E os navios ao longe passando, sem parar, sem parar
  
 
 Mariazinha, deita os olhos pro mar
 
 Tão quietinha, a chorar, a chorar
 
 Uma fonte de sangue no peito
 
 Uma sombra na boca e um trejeito no olhar, sem parar
  
 
 Mariazinha, deita os olhos pro mar
 
 Tão caladinha, a chamar, a chamar
 
 Vai pro fundo da noite fria
 
 Numa barca de rendas, vazia, a afundar, sem parar
  
 
 Mariazinha, com rendas de algas tapada
 
 Tão quietinha
 
 No fundo do mar pousada