Vou andando por terras de França
 
 Pela viela da esperança
 
 Sempre de mudança
 
 Tirando o meu salário
 
  
  Enquanto o fidalgo enche a pança
 
 O Zé Povinho não descansa
 
 Há sempre uma França
 
 Brasil do operário
  
 
 Não foi por vontade nem por gosto
 
 Que deixei a minha terra
 
 Entre a uva e o mosto
 
 Fica sempre tudo neste pé
  
 
 Vamos indo por terras de França
 
 Nossa miragem de abastança
 
 Sempre de mudança
 
 Roendo a nossa grade
 
 Quando vai o gado pra matança
  
 
 Ao cabo da boa-esperança
 
 Bolas pra bonança
 
 E viva a tempestade
 
 Não foi por vontade nem por gosto
 
 Vamos indo por terras de França
 
 Com a pobreza na lembrança
  
 
 Sempre de mudança
 
 Com olhos espantados
 
 Canta o galo e a governança
 
 A tesourinha e a finança
 
 E os cães de faiança
 
 Ladrando a finados
  
 
 Não foi por vontade nem por gosto
  
 
 Vamos indo por terras de França
 
 Trocando a sorte pela chança
 
 Sempre de mudança
 
 Suando o pé de meia
  
 
 Com a alocação e a segurança
 
 Com sindicato e com vacança
 
 Há sempre uma França
 
 Numa folha de peia
 
 Não foi por vontade nem por gosto