O trem passou no ponto outra vez 
 Os vagões a enrijecer 
 O vendedor de balas este mês 
 Com novas balas pra vender 
    Um ambulante vem me inquerir 
 "Qual destino escolheu?" 
 Por uma nota de colibri 
 Lhe digo qual foi o meu   
 Antes de chegar 
 Um berro no ar   
 Há quem diga 
 Que na estação o povo não percebe 
 Quem é melhor   
 É surpreendente quase toda vez 
 Os hábitos dos que se vão 
 Os habitantes falam português 
 Os estrangeiros arranham 
 "Não, só falo inglês"   
 Um meliante vindo do saguão 
 Seus pés descalços comoveu 
 A palestrante em trajes de salão 
 O olhar distante concebeu   
 Que antes de chegar 
 Um berro no ar   
 Há quem diga 
 Que na estação o povo não difere 
 Quem é melhor ficar 
 Há quem siga 
 As instruções e nos vagões, se desse 
 Ia coordenar