- 1
Nilton Ferreira - Abaralhando a Barbela
- 2
Nilton Ferreira - Vida de Cabelos Brancos
- 3
Nilton Ferreira - Baile do Bigode
- 4
Nilton Ferreira - Décima de Uma Rima Só
- 5
Nilton Ferreira - Tempo e da Vida
- 6
Nilton Ferreira - Aguaceiro
- 7
Nilton Ferreira - Por onde andas, meu Filho?
- 8
Nilton Ferreira - Dois Missioneiros
- 9
Nilton Ferreira - Há Quanto Tempo Eu Não Danço Uma Vaneira
- 10
Nilton Ferreira - No Império das Estâncias
- 11
Nilton Ferreira - Por Entender a Vida
- 12
Nilton Ferreira - No Trono Dos Bastos
- 13
Nilton Ferreira - De onde vem a minha voz
- 14
Nilton Ferreira - Em Nome da Espora, do Mango e do Tento
- 15
Nilton Ferreira - Leilão de Aperos
- 16
Nilton Ferreira - Onde Mora Meu Verso
- 17
Nilton Ferreira - Partejando
- 18
Nilton Ferreira - Surungo de Rancho
- 19
Nilton Ferreira - Antes da Sombra do Tarumã
- 20
Nilton Ferreira - Antes Que Sumam As Estâncias
- 21
Nilton Ferreira - Apenas Gaúcho
- 22
Nilton Ferreira - Assim se cruza o inverno
- 23
Nilton Ferreira - Cada Tempo, Cada Flete
- 24
Nilton Ferreira - Cancela da alma
- 25
Nilton Ferreira - Com Permisso
- 26
Nilton Ferreira - Demonstrando Orgulho
- 27
Nilton Ferreira - Depois Das Léguas da Carreteira
- 28
Nilton Ferreira - Firmando Opinião
- 29
Nilton Ferreira - Marcas do Tempo
- 30
Nilton Ferreira - Mil Gracias, Terra Gaúcha
- 31
Nilton Ferreira - Na Cruz de um Ginete
- 32
Nilton Ferreira - Nas Horas Ermas
- 33
Nilton Ferreira - Peão Caseiro Da Estância Antiga
- 34
Nilton Ferreira - Pra Carregar a Querência
- 35
Nilton Ferreira - Pra Não Fraquejar
- 36
Nilton Ferreira - Querência da Alma
- 37
Nilton Ferreira - Raça Guapa
- 38
Nilton Ferreira - Reminiscências
- 39
Nilton Ferreira - Silhueta de Campo e Estância
- 40
Nilton Ferreira - Sonho, Flor e Truco
Décima de Uma Rima Só
Nilton Ferreira
E sai num trote largo desses de buscar parteira
Cruzei três ou quatro campo, e uma duzia de porteira
Procurando um baile chucro, pra rebola a qualhera
Esfola as botas novas, surrar calos e frieiras
Era um rancho de barro, desfolhado na cunhera
No salão um genteril se amuntuava pelas beira
Eu já gritei lá da porta, num jeito de brincadeira
Danço de espora e mango, mesmo que o diabo não queira
Inda sirvo um azevem pras gurias caroneiras
Foi mexer nos camoatins, e cutucar as cruzeiras
Já me prenderam o grito, vou surrar o bagaceira
Se está com sarna no lombo, eu te tiro as coçeira
Manusiei o dom formiga e uma adaga companheira
E já fui servindo boia pra um montão de barejeira
A gaita ninguém ouvia, com tamanha lambanceira
Os caramelo zuniam, parecia uma abelheira
Facilita nessa feita, tô virado em peneira
Me grudei numa gorduxa e fiz ela de trincheira
Pelei que nem tamanduá, recostado na tronqueira
Fui mexer nos camotins, e cutucar as cruzeiras
Já me prenderam o grito, vou surrar o bagaceira
Se está com sarna no lombo, eu te tiro as coçeira
Manusiei o dom formiga e uma adaga companheira
E já fui servindo boia pra um montão de barejeira
O lampião já tinha ido, só ficava a fumaceira
E eu buscava no escuro, um buraco na ratoeira
Quando avistei um clarão, fui derrubando cadeiras
Medi o vão da janela, e a altura da soleira
E saltei que nem um gato, em cima de uma roseira
Escapei todo 'lanhado', mas a carcaça inteira
Minha égua, benza Deus, me esperava na porteira
Montei sem tocar estribo, descanpei numa ladeira
Sem tomar nenhuma canha, sem dançar uma vaneira
Por causa desse surungo, hoje eu vivo na fronteira
Foi mexer nos camotins, de cutucar as cruzeiras
Já me prenderam o grito, vou surrar o bagaceira
Se está com sarna no lombo, eu te tiro as coçeira
Manusiei o dom formiga e uma adaga companheira
E já fui servindo boia pra um montão de barejeira