A noite se esvazia
Dá meia-noite, uma, duas e três
Eu conto mais um dia
Lá se vai outra semana do mês
Toco o meu barco insone
Espero à toa o telefone me chamar
A resposta do correio
A carta que não veio
Pra me aliviar, a, a
Eu cá na minha cidade
Sigo contra vontade
Tentando solução
Busco outra companhia
Fingindo alegria
Até invento uma canção
Mas à noite a pauliceia
Vem, invade a minha ideia
Com as luzes a brilhar
Lá na garoa distante
Você tão boa e elegante
Chiclete e cabochard, a, a
Oh telefonista insista
Não pare não desista
Não canse de chamar
Não sei novo endereço, desconheço
Alguma amiga das antigas saberá
Já não sei de nada
Só penso nessa estrada
Tão longa a separar
Pobre cão sem dono
Sem querer pego no sono
Aguardo o despertar, a, a
E adormeço tristonho então
Na viola vadia uma canção
Te vejo num sonho num trecho da avenida São João
Te vejo num sonho num trecho da avenida São João