A Fome, a Sede e a Ignorância

Sangue de Barro

Talvez eu seja
A visita indesejada
No teu derradeiro janeiro
Carcaça no pé da estrada
Faz tremer teu corpo inteiro
Premonição de tristeza
A dor do coice da mula
Do dia, a incerteza
Da riqueza, que eu seja a gula
Do medo, a devoção
Na nação, uma ferida
No terreiro, a aparição
Do chocalho, a última batida

A fome, a sede e a ignorância
A fome, a sede e a ignorância
A fome, a sede e a ignorância
A fome, a sede e a ignorância

Talvez eu seja
O arranha-céu da tua boca
O rangido da garganta no grito
Sou o que deixa tua voz rouca
Animal que corre aflito
O solo da língua do sertão
Poço seco e balde vazio
A poeira que corre o verão
A lembrança da margem do rio
O Sol que bebe impiedoso
A lágrima que evapora
Mandacaru que vive teimoso
Aqui onde a tristeza aflora

A fome, a sede e a ignorância
A fome, a sede e a ignorância
A fome, a sede e a ignorância
A fome, a sede e a ignorância

Talvez eu seja
O limite que bloqueia a mente
A causa de algum malefício
O olho por trás da lente
O que faz do fácil, difícil
Corro pelo mundo afora
Dificulto qualquer decisão
A dúvida que se forma agora
A falta de informação
Sou uma vida estagnada
Do conformismo, eu sou o conforto
Uma boca amordaçada
Um corpo caindo morto

A fome, a sede e a ignorância
A fome, a sede e a ignorância
A fome, a sede e a ignorância

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