Um Dia Como Qualquer Outro
Esmeralda tá em casa
Tá cuidando do almoço
Deu um jeito lá na sala
Um dia como qualquer outro
Sua filha, ana flávia
Boa aluna, de dar gosto
Logo vai chegar da aula
E dar um beijo no seu rosto
A TV tava ligada
Mas deu pra ouvir o alvoroço
Som de tiro, saraivada
A polícia tá no morro!
Ela corre e se agacha
Fica atrás do móvel novo
Reza alto em voz baixa
Pra que a paz volte pra todos
Antes do que imaginava
O silêncio instalou-se
Espiou pela vidraça
Pra saber o que que houve
Estirada na calçada
Uma moça machucou-se
Reconhece então a saia
Que a ana flávia vestiu hoje
Ela sai desesperada
E se atira sobre o corpo
A favela é tomada
Por seu grito de socorro
Nos jornais, primeira página
Deu até na TV globo
Mas não há nada que traga
A ana flávia, seu tesouro
De onde veio esta bala?
Pra onde vai o nosso imposto?
Tem bandido usando farda
O prefeito é mentiroso
Quem aí, como esmeralda
Com essa guerra acostumou-se?
Mas a gente sempre acha
Que só acontece com os outros