De Um Espelho de Casa de Estância

Chico Saratt

Tenho em mim, espadas velhas penduras
Trilhos gastos como guardas na lareira
Um chapéu feito de estrelas mal domadas
E um ferrão que cutucou a vida inteira

Da paisagem que conheço nas paredes
Sei de quadros e das fotos de família
Tenho chuvas que saciam minha sede
Nesta vida pacienciosa de mobília

Sou por mim maior no aço e na moldura
Dos quem buscam em si mesmos meus conselhos
Devolvendo a cada um sonhos ternuras
Que seus olhos me refletem por espelho

Em momentos alternados sei dos homens
Que com tempo perdem cores no cabelo
De repente sinto a falta de seus nomes
Sendo inerte nunca mais consigo vê-los

Esse tempo que me muda contrariado
Apresenta-me de novo seus olhares
Me surpreende quando vejo remoçados
Certos traços que pra mim são familiares

Nesta dúvida de ser que represento
Pelo avesso verdadeiro de mau lado
Sou a imagem perpetuada pelo tempo
E uma porta transponível do passado

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