O nada singra no sem fim das horas
E está no copo de quem já bebeu
Ficou na estrada de quem foi embora
E veste as roupas de quem já morreu

Nas velhas casas de cacimbas puras
O nada vive assim bater nas portas
Na tez de um quadro que se desfigura
Tal fosse a própria natureza morta

Deixa o remorso repontando sonhos
Se faz silêncio emudecendo os homens
O nada fere com punhais medonhos
Se está na mesa de quem sente fome

Nada ao certo vivendo na parte
Herança velha dos que querem tudo
E pesa menos para quem reparte
O continente já sem conteúdo

Quando se chega, sem querer se ausenta
Um nada é o tudo, dos que nada tem
E se rebela, pra virar tormenta
Pelas taperas, sem achar ninguém

Habita sombras de um lugar incerto
E após a chuva vai virar estilo
O nada é um pássaro de céus desertos
Fazendo um ninho pra viver sozinho

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