Se o mundo dá tantas voltas, em redor
 
 Das estrelas, nos espaços, encobertos
 
 Não sei como não te soltas, meu amor
 
 E vens cair nos meus braços, sempre abertos
 
  
  Tu és assim, como o vento nas nortadas
 
 Com as mesmas inconstâncias esquisitas
 
 Tenho-te ao pé um momento, um quase nada
 
 Depois vejo-te a distâncias infinitas
  
 
 És mais leve que a poeira que há no ar
 
 És mais fino que a poalha em remoinho
 
 Que poisa sobre a roseira, para a manchar
 
 E depois o vento espalha pelo caminho
  
 
 Que te não prendes rendido, é tua norma
 
 Diz e fico a pensar, ao ver-te ausente
 
 Que andando tu desprendido, dessa forma
 
 Eu te não possa agarrar eternamente