Meu coração é qual um peregrino
Vindo da escura terra da descrença
Vergado à cruz fatal do seu destino
Tendo, por companhia, a dor imensa
Ele anda sequioso de ventura
Mas só bebe pela taça do desgosto
O sumo amargo e verde da amargura
Do pranto que desliza pelo meu rosto
E corre tão veloz o pensamento
E quanto mais tentamos não pensar
Na causa que nos trouxe o sofrimento
Cada vez é maior nosso penar
E rezo com fervor um Padre Nosso
Rogando pra deixar de pensar nele
Mas é triste ilusão, porque não posso
Esquecer, um só momento, o olhar dele