Ouvi falar de você
 
 De como anda cansado
 
 Com um ar de quem não sabe mais
 
 E um olhar de quem nunca entendeu
 
 Falam da sua inércia descabida
 
 Que a sua alma se perdeu da vida
 
  
  Que o sol não entra mais em sua janela
 
 Fechada pra tudo que pulsa e respira
  
 
 Que aqueles mesmos ombros retos, abertos
 
 E sempre prontos pra voar
 
 Curvam-se como em reverência
 
 A tudo que não mais existe
 
 Que o seu corpo insiste
 
 Em não querer mais nascer todas as manhãs
  
 
 Em mais um desses dias tão cheios de luz
 
 Que nada além da porta importa
 
 Que nada vale o esforço de tentar
  
 
 Ser bem mais que antes
  
 
 Que aqueles mesmos ombros retos, abertos
 
 E sempre prontos pra voar
 
 Curvam-se como em reverência
 
 A tudo que não mais existe
 
 Que o seu corpo insiste
 
 Em não querer mais nascer todas a s manhãs
 
 E como que por prazer
 
 Relatam tudo o que vêem
 
 E dizem até que eu não te reconheceria
  
 
 Em mais um desses dias...